CURIOSIDADES E HISTÓRIA DE PORTO CÔVO
🧭 PORTO CÔVO: UM LUGAR ENTRE O MAR E A MEMÓRIA 📖 História que se sente nos passos Porto Côvo não nasceu do acaso. Situada numa faixa costeira recortada e rica, entre Sines e Vila Nova de Milfontes, esta aldeia cresceu do mar e vive ainda com ele. A ocupação humana é milenar: vestígios arqueológicos revelam a presença de romanos que exploravam salinas e construíam fábricas de conserva de peixe — como na Ilha do Pessegueiro, onde tanques de salga resistem ao tempo. A atual estrutura urbana de Porto Côvo foi traçada no século XVIII, ao estilo pombalino, após o grande terramoto de 1755, por iniciativa do Marquês de Pombal. A Praça Marquês de Pombal é o coração do traçado: uma planta retangular rodeada por casas de traça popular, com socalcos pintados a azul e chaminés rendilhadas — reflexo da cultura construtiva do sul. 🧶 Tradições que persistem Porto Côvo é terra de mar e de mãos hábeis. Os homens iam à pesca, as mulheres teciam, cuidavam da terra ou consertavam redes. Ainda hoje, é possível encontrar artesãos que trabalham o linho, a madeira e o barro — ou ouvir, em tabernas e festas, o cante alentejano, com letras simples e profundas sobre o amor, o campo, a saudade. A gastronomia local reflete a fusão entre o mar e o interior: polvo à lagareiro, sopas de peixe, feijoada de búzios, choco frito, peixe grelhado na brasa e, claro, pão alentejano, azeite e vinho das redondezas. 🔥 O mito da santa que não ardeu Junto ao Forte de Nossa Senhora da Queimada, na Praia do Queimado, resiste uma lenda secular: durante a Guerra Civil Portuguesa, uma imagem sagrada terá sido lançada ao fogo — mas não ardeu. O povo viu nisso um sinal divino e batizou a praia com o nome que ainda hoje mantém. O forte, em ruínas, conserva o mistério e a beleza de um lugar que foi ponto militar e espiritual. 🏝 A Ilha do Pessegueiro: entre ruínas e romance A ilha guarda memórias romanas, militares e lendárias. No século XVII, foi integrado um plano para criar um porto seguro entre a ilha e o continente, com construção de dois fortes e um molhe. Nunca foi concluído — mas a história perdura. Entre os pescadores, contam-se lendas como a do jovem que nadava até à ilha todas as noites por amor. 🌊 Património natural e paisagístico A região está inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina — um dos ecossistemas mais ricos e intocados da Europa. Aqui crescem plantas endémicas, como o tomilho-do-mar ou a perpétua-das-areias, e vivem aves como o peneireiro-das-torres, o falcão-peregrino e a cegonha-branca, que nidifica nas arribas. As praias são um capítulo à parte: selvagens, escarpadas, com areais dourados e águas límpidas. Da Praia Grande à Samouqueira, passando pela Ilha do Pessegueiro, há espaço para o surf, o mergulho, a contemplação — ou simplesmente o silêncio. 👣 Turismo com alma Mais do que um destino, Porto Côvo é uma oportunidade: para abrandar, ouvir histórias, sentir os ritmos antigos. Aqui, o turismo sustentável é mais do que uma tendência — é um modo de estar. Privilegia-se o contacto humano, o produto local, as caminhadas em trilhos costeiros, a música ao vivo nas noites de verão, a descoberta pausada. ________________________________________ 🔍 SUGESTÕES PARA QUEM QUISER APROFUNDAR AINDA MAIS Para os hóspedes curiosos e atentos, sugerimos: 📚 Leitura e pesquisa • “O Alentejo: Terra e Alma”, de Manuel João Vieira — sobre a identidade cultural da região • Centro de Estudos de História Local em Sines — publicações sobre o litoral alentejano • Museu de Sines — exposição permanente sobre Vasco da Gama e o passado marítimo da região 🗺 Trilhos e visitas guiadas • Rota Vicentina (Trilho dos Pescadores): Caminhadas costeiras entre Porto Côvo e Vila Nova de Milfontes • Passeios à Ilha do Pessegueiro (de barco, no verão) • Visitas interpretativas ao Forte de Nossa Senhora da Queimada com guias locais • Percursos de observação de aves e flora dunar com associações ambientais 🧑🌾 Encontros com a cultura local • Conversar com os pescadores no porto ou nos cafés à tarde • Participar em oficinas de artesanato ou culinária tradicional • Visitar feiras e festas populares (ver calendário anual da Junta de Freguesia)